Com suas ruínas de pedras, Igatu, na Bahia, é um museu a céu aberto comparado à cidade peruana construída pelo povo Inca.
O nome “Igatu” é de origem indígena e resultado da junção dos termos “y” (água) e “katu” (bom). Igatu então é “água boa”! E outras coisas boas também. A vila localizada no município de Andaraí é um dos principais destinos turísticos da Chapada Diamantina, na Bahia. Mas antes disso guardou muitas histórias dos povos que já habitaram ou visitaram esse lugar. Indígenas, negros que foram escravizados e garimpeiros formam a memória de Igatu.
Fica no distrito do município de Andaraí, na Chapada Diamantina, a 112 km de Lençóis. Apelidada como Xique-Xique, a “Machu Picchu baiana” conta com casarios históricos de pedra do século XIX, resquício da extração de diamantes, e outros eventos históricos que aconteceram por lá. A cidade é um verdadeiro museu vivo à céu aberto.
O lugar, que parece ter saído de um conto de fadas, guarda em suas pedras a história real de uma época áurea. É um daqueles locais que desafiam o tempo e a lógica.
A história de Igatu começou em 1844, quando os primeiros diamantes foram descobertos no leito do Rio Cumbucas. Essa descoberta atraiu uma grande quantidade de garimpeiros para a Chapada Diamantina, dando início ao crescimento do povoado. Nos tempos áureos, no século 19, Igatu chegou a abrigar quase 10 mil habitantes, todos em busca de ouro, diamantes e carbonato.
Porém, à medida que as jazidas se esgotaram e os garimpeiros partiram, Igatu viu seu declínio. O rastro da exploração da mineração permanece visível até hoje, com ruínas e pedras desarrumadas, mas é justamente essa arquitetura peculiar que confere charme à cidade.
As ruínas de Igatu contam uma história intrigante. À medida que os visitantes caminham pelas cinco ruas principais do distrito, são recebidos por casinhas feitas de rocha que parecem ter surgido organicamente na paisagem. Algumas se escondem entre as formações rochosas, enquanto outras se projetam nos penhascos.
Essas casas eram construídas com pedras retiradas das minas, criando uma simbiose única com a geografia local. Eram utilizadas como moradias pelos garimpeiros, equilibrando a sofisticação com a necessidade de aproveitar o material disponível.
Explorar Igatu é interessante. À medida que você se afasta do centro, se depara com as ruínas do antigo bairro de Luís dos Santos, cercadas por eucaliptos adornados com "barba de velho". No caminho, é impossível não notar a arquitetura em pedra que se revela no cemitério e na Igreja de São Sebastião, o padroeiro da vila. Durante muito tempo, ser enterrado o mais próximo possível do altar da igreja era um sinal de prestígio em Igatu.
Descendo mais, você encontrará parte do conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que delimita o bairro Luís dos Santos. Nessa área, viviam os garimpeiros, com suas moradias ao longo da serra e casas lado a lado.
Mas se você pensa que só de ruínas é feita Igatu, enganou-se! O lugar é dono de uma natureza exuberante, um paraíso natural rodeado de trilhas e cachoeiras e, ao mesmo tempo, é uma viagem no tempo na nossa história do Brasil.
Assista esse vídeo sobre os achados arqueológicos das Américas:
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