Civilizações Antigas: Estruturas identificadas em meio a selva amazônica por meio da tecnologia LIDAR
Nas misteriosas Planícies de Moxos, uma região na Bolívia, perto da fronteira com o Brasil, no sudoeste da amazônica, escavações iniciadas há mais de dois anos revelam vestígios intrigantes da presença humana no início do século 16. Calçadas e canais se estendem por quilômetros, testemunhas silenciosas de uma civilização perdida. Apesar das adversidades da área, que inunda durante vários meses por ano, a pesquisa ganhou um impulso revolucionário com a aplicação da tecnologia LIDAR.
Pesquisadores do Instituto Arqueológico Alemão e das Universidades de Bonn, na Alemanha, e de Exeter, no Reino Unido, empregaram, pela primeira vez na Amazônia, o laser aerotransportado LIDAR. A tecnologia permitiu uma análise detalhada do terreno, mapeando 200 km² da região associada à cultura Casarabe. Dois sítios significativos, com 147 e 315 hectares, foram identificados, revelando estruturas complexas.
Estudos anteriores situam a cultura Casarabe entre 500 e 1400 d.C., ocupando uma vasta extensão de 16 mil km². O novo levantamento destaca uma área central em terraços, paredes de vala e intrincados sistemas de canais. A falta de certeza quanto à população desses assentamentos gigantes sugere uma sociedade complexa e densamente povoada.
Modificações nos assentamentos, como expansões nas valas de muralhas, indicam um aumento considerável da população. Caminhos e canais conectavam os assentamentos, com distâncias de apenas 5 km entre eles. Carla James Betancourt, pesquisadora envolvida, ressalta que "toda a região foi densamente povoada, um padrão que derruba todas as ideias anteriores".
O mapa revelou o impressionante sítio Cotoca, o maior assentamento da cultura Casarabe conhecido. Com praças, plataformas em forma de U e pirâmides cônicas de até 22 metros de altura, esse local proporciona insights valiosos sobre a complexidade arquitetônica da civilização.
Os pesquisadores destacam a urgência em compreender o funcionamento desses centros regionais antes que se percam para sempre. A expansão da agricultura mecânica ameaça destruir mensalmente estruturas pré-colombianas nas Planícies de Moxos.
Betancourt enfatiza a importância crucial do LIDAR na preservação desse patrimônio cultural único.
À medida que escavamos as Planícies de Moxos, as camadas do passado revelam uma narrativa intrigante da cultura Casarabe. A aplicação pioneira do LIDAR abre novos horizontes, revelando assentamentos gigantescos e desafiando nossas concepções prévias. A pressa em compreender e preservar torna-se evidente diante da ameaça iminente da expansão agrícola. A pesquisa está apenas começando, mas cada descoberta é uma janela para o passado, um tesouro que merece ser protegido.
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